sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Àquilo que eu não sei o nome

                                      Para todos os amigos do mundo que ainda não fiz.


Ao escutar o barulho dos carros, a serralheira de uma construção ao fundo,tão fundo, mas tão fundo quanto aqueles segredos que a gente tenta esconder de si mesmo, e numa bela manhã cinzenta: sentir um sopro de vida no coração.
Nessas idas e vindas dos dias, das horas (ah... entre nós sempre horas... como já diria Virginia) chegam a ser tão entediantes, como evocadoras de náuseas. Asco da rotina, rodando como tudo tem que ser, mas... será TEM que ser? Assim, um fardo tão dilacerador? Acho que sim, mas o acaso sempre será capaz de tecer mais um caso. E por isso, ainda não desistimos de viver.
Então, ir até a esquina, até a padaria, sentir cada passada, os pés formigado, aquela distensão no pé esquerdo que nunca mais sarou, ouvir os pássaros cantar, escutar os dizeres das gentes, fitar as cores urbanas, e se sentir ainda mais só, do que quando se está trancado em seu quarto. Deparar-se, de repente com um sorriso, cheio de dentes, branco amarelado, e quem sabe um olhar quente e envolvente. Ter três opções: pode ser o amor da sua vida, pode ser um amigo de tantos anos que você acabou de conhecer, pode ser só mais um estranho torto.
Os dias passam, e entre eles as horas que nos perseguem.
Ir até a esquina de novo, pegar um ônibus não-sei-pra-onde, descer aliviado da claustrofobia e sentar numa praça verde; onde se escuta as crianças brincando, os idosos passeando, a pressa dos transeuntes, e não se sabe porque... se recorda daquela noite quente e macia de amor, com um grande amor que acabou internado num hospício por amar demais.
Sentar na calçada e conversar com alguém que você nunca viu, mas que acabou de cortar seu cabelo (não era bem o corte que você queria, mas as pessoas raramente fazem o que a gente quer), tomar cerveja e cerveja. Discutir a sexualidade dos gêneros, e outras amenidades que há entre o céu e a terra. E essa pessoa não te pergunta o que você faz/fez/deixou-de-fazer, mas o que você quer, e depois o que você pensa. Sentir por algum instante que o paradoxo que te governa, governa também alguém nesse mundo.
Voltar para casa com uma sensação imensa de alívio, até mesmo uma intensa despretensiosa felicidade,
e virar mais uma página vazia do Código-Brasileiro-de-não-sei-o-que-mais-estávamos-falando.

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