sexta-feira, 19 de novembro de 2010

sobre o sentido da ordem das palavras ou dos amaranhados simbólicos

escrevo como falo. pelos cotovelos.
pro vento. apenas pra escutar meu próprio eco.
e claro, para deliciar-me do oco que me habita.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sobre Orlando

Um fúnebre alívio, um longo suspiro e um vivaz prazer ao reiterar que Orlando não passa apenas da mais longa e elaborada carta de amor da história da literatura.
                  
Um visto de passagem para as (im)possibilidades do Outro sexo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

à Professora Fraulein

"Querida Anna,

É com um prazer inenarrável que lhe escrevo. Achei que jamais chegaríamos a esse ponto, mas as voltas do mundo são grandes...  
Depois de tantos emails sem resposta, cartas sem destinatário, gritos urrados ao vento, cujas respostas eram apenas meu próprio eco... garrafas com pedidos de socorro lançadas ao mar e uma imensidão de palavras mal-ditas que encaminhei à sua casa num contêiner; reapareço através dessas palavras.
Já era de se esperar... que você sumiria... você sempre me avisou que quando eu mais precisasse de você, você já teria feito a sua partida - sem volta.
Ainda não sei o motivo desses escritos... mas ao longo dessas frases descobriremos a causa do meu contentamento em lhe escrever.
Foram muitos anos de sofrimento em busca de algo novo que alimentasse o sentido de minha vida, encontrei em nosso amor a única forma de me sustentar erigida a beira do abismo que se faz presente em meus pés. Todos esses anos nutri uma paixão absurda por você adornada de erotismos imaginários e lençóis vermelhos de motéis baratos. Mesmo que não fosse correspondida, o meu sentir foi suficiente e o bastante para revirar a adolescente que me habitava e transformá-la na mulher que hoje sou.

não sei se você soube, mas minha avó faleceu esse ano. ela me ensinou muitas coisas, desprendidas de falso moralismo ou hipocrisia, e dentre elas lembro-me de uma ocasião bastante peculiar em que estava levando-a pra casa. um casal atravessou a rua bastante devagar, sem notar que o sinal havia aberto. eu buzinei ofegante e em doce entonação minha avó disse:

- Minha neta, você não está vendo ali um casal de namorados!? Pois é, eles estão apaixonados e por isto estão em outro mundo, não estão percebendo as coisas em volta deles. Quando você estiver dirigindo e ver um casal, você tem que respeitá-los, ter paciência com eles e não assustá-los. Um casal apaixonado, mesmo que numa multidão é algo tão admirável que é impossível de não ser notado. Você não tem que apressá-los, pois o amor deles um pelo outro é única pressa que há.  



sinto falta de minha avó. mas não mais sinto sua falta. agora a minha falta já me basta. 


Você me fez vislumbrar na concretude que o amor é o único viés que dá sentido à vida. e o amor existe por si só, 'amar é verbo intransitivo' (salve Mestre Mario de Andrade) e não precisa de complemento simbólico ou muletas egóicas. amar é imaginar, imaginar um outro ser que completa a nossa falta, e por isso te imaginei todos estes anos ao meu lado. 

amar é deixar o tempo levar... como deixei o tempo me lavar daquele sofrimento. amar é permitir... permitir que se vá...

e mesmo que na marra eu aprendi isso tudo, graças a você, Anna.


Agradeço-lhe enfim.

Sempre sua (de alguma forma),

S. "

terça-feira, 2 de novembro de 2010

South Hemisphere


When She was a Child She'd  like to be a Rock Star.
When She was a Teen She'd like to save World.
When She was Young She'd like to be Rich.

And Now, even she ain't got anything of those, she might be walking to happyness...
'cause now she Just Wanna Live On a Living Geyser.