domingo, 23 de maio de 2010

Destinatário: Rua do Pôr-do-Sol, s/nº

Querido Czar,

quando voltar de viagem, chute a porta do meu quarto.
entre me rasgando. não peça licença, por favor.
você não precisa.será sempre soberano nesse lar.
ontem estive pensando em você. por isso resolvi te escrever depois de tantos anos.
lembra quando éramos jovens?
e andávamos pelas ruas como selvagens.
lembra do tempo em que fomos felizes?
e acreditávamos que nossa beleza era infinita.
lembra quando tínhamos pena certeza de nossa imortalidade?
e vagávamos pela zona boemia.
você brigava comigo por minha promiscuidade...
me dizia que eu deveria me resguardar pra só um homem, que seria o homem da minha vida.
me implorava pra que eu selasse a virgindade do meu peito (?)
confesso-te que algumas vezes, raras, achei que esse 'homem' fosse você...
lembra que eu te dizia que se não encontrássemos o amor, um dia ele nos encontraria?
você me pedia pra que esse vácuo entre o meu estômago e meu pulmão, não engolisse tudo a nossa volta.
me sentava ao seu lado e afagava seus cabelos negros, e entorpecidos de paixão narcisíca, permanecíamos sentados numa eterna tarde quinta-feira.
contemplando nossa juventude.

Sinto sua falta, majestade. Quando voltar aos trópicos, me procure.

Sempre sua.

S.

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