sábado, 15 de dezembro de 2007

velharia

não é de hoje que ao olhar sua pele o meu único desejo é devorá-la.
não foi hoje que eu olhei sua boca e quis engoli-la.
não foi hoje que eu senti o seu cheiro e arrepiei.
É desde sempre.

No entanto, eu sei que o meu limite é ser sem limite.
Nunca desejei nada uma única vez, desejo o infinito.
Espero acabar e não acaba. Nunca.

Quando eu te olho a minha fome aparece assim, derepente.
Como quem pressente que já é tarde e que vai morrer.
Como se ar quente sussurrasse uma despedida da realidade.
E o último presente que eu desejo é você.
(E EU SEI QUE VOCÊ TAMBÉM É ASSIM)


Mas a morte nunca chega. Só a vida.
A vida e a culpa.
Culpa de ser o que eu sou e o que eu nunca fui.
Construo labirintos em mim mesma, sabe?
Labirintos onde o chão é o DESEJO, e as paredes são a CULPA.

Então, minha querida, não deseje conhecer esses labirintos...
Eles trazem gozo, porém trazem muita dor...
Dor em quem os conhece e muito mais (cada vez mais) em mim mesma.

(12/03/2005)

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