sexta-feira, 29 de junho de 2007

memórias adolescentes

Naquela tarde de julho, fria e estranha, ela voltou para casa com sua bolsa e seus bolsos cheios cacos e pedaços dela mesma.
Entrou pela casa correndo em direção ao seu quarto, para que seus pais não vissem a hemorragia que se alastrava.
Trancou-se no seu quarto, guardou todos aqueles restos de si mesma dentro de uma caixa azul. Achou cabível tomar alguns remédios que estancassem o sangue, amenizassem a dor e lhe fizessem dormir. Tomou muitos remédios, a caixa toda talvez. Não queria acordar mais. Teve pesadelos o tempo todo, porque algumas lembranças que vêm a mente são como fantasmas que nos assombram.
Dormiu por mais de 24 horas.
Alguns se mostravam muito preocupados com ela, achavam que daquele estado ela talvez não saísse. Por alguns dias alguns dias ficou sem sair de casa, o corpo até se movia inerte mas a alma continuava deitada. No entanto, outros zombavam pelas costas, pois ela acreditava estar morrendo de amor, o que parece humanamente impossível para o populacho que nunca amou.

Uma noite, decidiu recolher aquela alma toda ferida, enchê-la de maquiagem e vestí-la de preto. As pulsões de morte levaram-lhe a sair pelos guetos da cidade.
Encheu a cara de vodka e cheirou cocaína como gente grande (...)

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