Há um rio de sangue que corre na tua garganta.
Há um mar de dor que banha as tuas entranhas.
Há um oceano perdido de impotência que habita teus órgãos.
O pranto secou.
Congelou com teu coração.
O teu desejo mais uma vez te levou ao fraca-sso impessoal.
Fraca...
E nem o recurso das palavras, nem o simbolismo das frases são mais capazes.
Incapaz de sustentar.
Sustentar teu imaginário, as imagens que você só sente.
Somente sentimento.
[aquele sentir que mente]
Agora o que há dentro de ti é só a essência primeva.
Se assemelha a um NADA interno, que remo(v)eu o que HAVIA.
Crua e assassina.
[angústia]
E te indago neste momento, seria o amor só uma face desta dor?!
E diante deste exposto,
Nota-se que nem o recurso à PALAVRA é mais capaz de te sustentar.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
segunda-feira, 16 de julho de 2007
A morte
Expectativa de vida
Momento num café
quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes da vida.
Um no entanto descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.
*Manuel Bandeira
Momento num café
quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes da vida.
Um no entanto descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.
*Manuel Bandeira
quarta-feira, 11 de julho de 2007
ao populacho:
àqueles que veêm e não veêm.
àqueles que vêm e não vêm.
se vêm, não enxergam.
se veêm, não estão.
dar sentido ao que não é sentido?
e quem sente algo?
(silêncio)
cale-se e leia...
leia o que está entre as linhas.
pois ela propriamente ditas,
dizem pouco....
ou dizem nada.
[entre]
dor e aflição aos que não sabem ler.
ler o que está aquém das palavras.
e além do sentimento.
{sentir - que - mente}
àqueles que vêm e não vêm.
se vêm, não enxergam.
se veêm, não estão.
dar sentido ao que não é sentido?
e quem sente algo?
(silêncio)
cale-se e leia...
leia o que está entre as linhas.
pois ela propriamente ditas,
dizem pouco....
ou dizem nada.
[entre]
dor e aflição aos que não sabem ler.
ler o que está aquém das palavras.
e além do sentimento.
{sentir - que - mente}
frases.
"As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado."
"Na velha Rússia, dizia um possesso dostoievskiano: — "Se Deus não existe tudo é permitido". Hoje, a coisa não se coloca em termos sobrenaturais. Não mais. Tudo agora é permitido se houver uma ideologia."
"Ainda ontem dizia o Otto Lara Resende: — "O cinema é uma maneira fácil de ser intelectual sem ler e sem pensar". Mas não só o cinema dá uma carteirinha de intelectual profundo. Também o socialismo. Sim, o socialismo é outra maneira facílima de ser intelectual sem ligar duas idéias."
"Entre o psicanalista e o doente, o mais perigoso é o psicanalista."
*Nelson Rodrigues
"Na velha Rússia, dizia um possesso dostoievskiano: — "Se Deus não existe tudo é permitido". Hoje, a coisa não se coloca em termos sobrenaturais. Não mais. Tudo agora é permitido se houver uma ideologia."
"Ainda ontem dizia o Otto Lara Resende: — "O cinema é uma maneira fácil de ser intelectual sem ler e sem pensar". Mas não só o cinema dá uma carteirinha de intelectual profundo. Também o socialismo. Sim, o socialismo é outra maneira facílima de ser intelectual sem ligar duas idéias."
"Entre o psicanalista e o doente, o mais perigoso é o psicanalista."
*Nelson Rodrigues
DIÁLOGO DE RUPTURA
- Não é tanto que já não saibamos
- Sim, sobretudo isso, não encontrar
- Mas talvez o tenhamos buscado desde o dia em que
- Talvez não, e apesar disso cada manhã que
- Puro engano, chega o momento em que a gente se olha como
- Quem sabe, eu ainda
- Não basta só querer, se além do mais não se tem a prova de
- Está vendo, de nada vale essa segurança que
- Certo, agora cada um exige uma evidência frente a
- Como se beijar fosse assinar um atestado, como se olhar ...
*Cortázar,em Um tal Lucas
- Sim, sobretudo isso, não encontrar
- Mas talvez o tenhamos buscado desde o dia em que
- Talvez não, e apesar disso cada manhã que
- Puro engano, chega o momento em que a gente se olha como
- Quem sabe, eu ainda
- Não basta só querer, se além do mais não se tem a prova de
- Está vendo, de nada vale essa segurança que
- Certo, agora cada um exige uma evidência frente a
- Como se beijar fosse assinar um atestado, como se olhar ...
*Cortázar,em Um tal Lucas
sinto-me morta
"sinto-me morta e me machuco para saber se estou viva.
sinto-me morta e devo assumir riscos perigosos para saber que estou viva.
sinto- me vazia e devo me encher de drogas, comida e gozo.
mas estes 'consertos de alma' têm vida útil muito curta.
E quando eles são absorvidos acabo me sentindo
- ainda mais morta e vazia."
sinto-me morta e devo assumir riscos perigosos para saber que estou viva.
sinto- me vazia e devo me encher de drogas, comida e gozo.
mas estes 'consertos de alma' têm vida útil muito curta.
E quando eles são absorvidos acabo me sentindo
- ainda mais morta e vazia."
terça-feira, 10 de julho de 2007
O menino que carregava água na peneira
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o voo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos
*Manuel de Barros
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Os dois horizontes
Dois horizonte fecham nossa vida:
Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro, —Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.
Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais.
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.
Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.
No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.
Que cismas, homem?
— PerdidoNo mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem?
— Procuro,Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.
Dois horizontes fecham nossa vida.
*Machado de Assis
Dois horizonte fecham nossa vida:
Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro, —Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.
Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais.
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.
Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.
No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.
Que cismas, homem?
— PerdidoNo mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem?
— Procuro,Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.
Dois horizontes fecham nossa vida.
*Machado de Assis
Estou Doente
Estou doente.
Meus pensamentos começam a estar confusos.
Mas o meu corpo, tirado às cousas, entra nelas.
Sinto-me parte das cousas com .............................
E uma grande libertação começa a fazer-se em mim,
Uma grande alegria solene como a de eu estar vem (?)
[Um verso ilegível.]
*Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Estou doente.
Meus pensamentos começam a estar confusos.
Mas o meu corpo, tirado às cousas, entra nelas.
Sinto-me parte das cousas com .............................
E uma grande libertação começa a fazer-se em mim,
Uma grande alegria solene como a de eu estar vem (?)
[Um verso ilegível.]
*Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
terça-feira, 3 de julho de 2007
obs - cena
Explora o meu corpo,
dedilhando-o todo em passeios quentes,
Viaje nos meus desatinos,
escorregando a sua boca na minha pele,
suga-me em arrepios,
(minha alma entrega-se pela boca...)
à sua boca, abrindo-se em delírios.
Sentindo o seu pulsar,
Sentindo o seu tudo,
Me aproximando do seu âmago,
acariciando cada centímetro dentro de você,
beijo a sua boca febril,
penetrando a minha língua em você,
devorando cada pedaço da sua carne.
Te entrego o meu corpo,
ao som dos meus suspiros sedentos de desejo.
venha caminhar sedenta,
pelas minhas margens,
para, preencher meus vazios...
encaixando a tua luxúria dentro de mim...
até eu alcançar o mais pleno orgasmo.
[o7-03-2006]
dedilhando-o todo em passeios quentes,
Viaje nos meus desatinos,
escorregando a sua boca na minha pele,
suga-me em arrepios,
(minha alma entrega-se pela boca...)
à sua boca, abrindo-se em delírios.
Sentindo o seu pulsar,
Sentindo o seu tudo,
Me aproximando do seu âmago,
acariciando cada centímetro dentro de você,
beijo a sua boca febril,
penetrando a minha língua em você,
devorando cada pedaço da sua carne.
Te entrego o meu corpo,
ao som dos meus suspiros sedentos de desejo.
venha caminhar sedenta,
pelas minhas margens,
para, preencher meus vazios...
encaixando a tua luxúria dentro de mim...
até eu alcançar o mais pleno orgasmo.
[o7-03-2006]
linguagem - imagem - drenagem
"Linguagem é uma pele. Eu esfrego minha linguagem em outras. É como se algumas vezes eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou, dedos na ponta da língua. Minha linguagem é sedenta e trêmula de desejo."
[Roland Barthes]
[Roland Barthes]
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Multidão
Fumaça
Correria
O tempo quase sempre é insuficiente
As pessoas passam
O tempo passa
A vida passa
Você vai e volta
Eu corro de mim mesma
Tanta energia gasta inutilmente
Investe-se muito em confortos ilusórios
Não há espaço para criar laços
A atmosfera é de disputa
Um misto de deslumbre e egoísmo se tornam convites ao isolamento
Todos são infectados
Alguns mais que os outros
Inclusive eu
O que não me torna mais interessante
Fuga diante da correria
O planeta dá voltas e torno de si mesmo na tentativa de nos expelir
E não há mais tempo nem para festejar a capacidade de transformar oxigênio em gás carbônico...
(29/09/2005)
Fumaça
Correria
O tempo quase sempre é insuficiente
As pessoas passam
O tempo passa
A vida passa
Você vai e volta
Eu corro de mim mesma
Tanta energia gasta inutilmente
Investe-se muito em confortos ilusórios
Não há espaço para criar laços
A atmosfera é de disputa
Um misto de deslumbre e egoísmo se tornam convites ao isolamento
Todos são infectados
Alguns mais que os outros
Inclusive eu
O que não me torna mais interessante
Fuga diante da correria
O planeta dá voltas e torno de si mesmo na tentativa de nos expelir
E não há mais tempo nem para festejar a capacidade de transformar oxigênio em gás carbônico...
(29/09/2005)
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